foto: Fábio Costa
Por alguns minutos quando se entra na linha vermelha do metrô
de São Paulo, por apenas R$3,50 você tem a possibilidade de trocar simples
vagões de metrô, por uma viagem no tempo para um conflito histórico de sua
preferencia. Entre as opções de viagem no tempo temos a Segunda Guerra Mundial,
Revolução Francesa ou Guerra Fria.
A linha amarela delimitada no chão, separa
o meu território com o do inimigo.
O trem demorava, como sempre, dando tempo
para o aquecimento pessoal.
para me lançar em vantagem ao conflito.
E então se ouve o sinal. Mais discreto que os sinos da
Segunda Guerra Mundial
mas com uma luz cegando-me como quem diz: È agora ou nunca.
A euforia
toma os passageiros do metrô , enquanto lentamente o vagão
para, como se
fosse a roleta do programa “Roda a Roda”.
A
porta se abriu e deu-se a largada para os ataques.
Cada
um por si e Deus por todos.
A
multidão me arrasta para dentro do vagão e quase flutuo com meus míseros 1,63
de altura. O senhor ao meu lado, vestido de preto era o general Costa e Silva,
de luto pelo fim da ditadura. Maria Antonieta estava sentada com cara de
impaciente, segurando um saco de pão. Um Napoleão mentalmente fazia planos de
como conseguir descer na próxima estação – um plano ainda mais ousado do que
conquistar a Rússia.
Os
passageiros se entreolham como se fossemos americanos tentando encontrar
espiões russos na Guerra Fria. A luz do mapa do metrô pisca e devo descer na
estação República para a voltar ao ano de 2015. Luto para chegar á porta como
um estudante de esquerda lutava para chegar á democracia durante a ditadura.
Luto bravamente contra a corrente de militares querendo me manter ali, e
consigo sair daquele combate.
A
linha vermelha do metrô de São Paulo é mais didática que livros de história, em
que outro lugar você pode trombar com Hitler, sentar ao lado de Joana d'Arc e
ceder seu lugar para Nelson Mandela?
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Eu escrevi essa crônica na aula de construção de narrativas para a minha prova inspirada em um texto chamado "As guerras na linha vermelha" que meu professor manteve o autor em anônimo. Espero que tenham gostado :)
Bisous
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